Descrição
A arca tumular de Gomes Martins Silvestre obedece à mesma tipologia de arca tumular com jacente na tampa e faciais decorados.
Gomes Martins é representado deitado sobre as costas, de olhos fechados e descansando a cabeça sobre dois almofadões e protegido por um baldaquino em arco de volta perfeita. Tem o cabelo e as barba longas e as vestes são compridas e apresentam o mesmo tipo de drapejado e tem os pés apoiados num cão.
Sobre si descansa a espada embainhada e envolta no cinturão, podem observar-se pequenos escudetes que actualmente não tem qualquer representação no interior, segura-a com a esquerda enquanto a direita se encontra simplesmente apoiada sobre si.
Apesar da lacuna, presume-se que deitado a seu lado estaria um anjo ou outra entidade que colocando-lhe a mão sobre o o braço esquerdo o tranquilizaria para a sua nova realidade e subida aos Céus.
No facial lateral, Gomes Martins escolheu representar uma Cena de Lamentação, tratam-se de oito religiosos, trajados de mendicante, como que aguardando algo; nas palavras de Mário Barroca, “…como se estivessem em diálogo uns com os outros”, logo a seguir um grupo de três elementos, um deles transporta uma Cruz processional, apoiado por dois jovens acólitos e o último grupo, constituído por seis elementos que choram de forma a perda de Gomes Martins, trata-se de um pranto, um episódio que faz parte dos relatos e representações de passamentos da época, onde de forma exacerbada e dramática é manifestada a perda de alguém.
É no facial menor, do lado dos pés, que se encontra a representação de cariz venatório, desta feita, trata-se unicamente de uma cena de falcoaria.
Gomes Martins, faz-se representar montado a cavalo e segurando na mão esquerda enluvada uma ave de presa. Encontrando-se acompanhado por dois cães que junto a uma árvore procuram espantar as aves que ali se escondem.
Uma outra ave encontra-se a voar na direcção da árvore, ou pelo menos, é o que se presume, já que a representação da dita ave não permite que se perceba claramente o seu desígnio, ou seja, embora suspensa não seja toma a forma de uma ave em voo. Contudo, supõem-se que, dada a diferença de tamanho entra esta e as que se encontram na árvore, seja a recolha ao ninho de um dos progenitores para defender a prol da ave de presa que o caçador traz consigo.
Assim, e de acordo com a análise feita por Mário Jorge Barroca, parece-nos que de facto, Gomes Martins, procurou representar-se apoderando-se das características e iconografias típicas da classe nobre da época.
Autoria
Sem Autor.
Época/Período Cronológico
Século XIV (segunda metade).
Materiais
Escultura e relevo em mármore de Estremoz.
Medidas
Não aplicável
Estado de Conservação
Deficiente
Proveniência
Gomes Martins era filho de Martim Silvestre, famoso e riquíssimo mercador de Monsaraz.
Bibliografia associada
BARROCA, Mário Jorge. – Cenas de passamento e de lamentação na escultura funerária medieval portuguesa (séc. XIII a XV). In Revista da Faculdade de Letras, s. 2, v. 4. Porto, Universidade do Porto, 1997
Instituição ou Proprietário
Igreja de Nossa Senhora da Lagoa, Reguengos de Monsaraz
Localização
Largo Dom Nuno Álvares Pereira, Monsaraz
Esta ficha foi elaborara por: Renata Alves
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