Milagre do Falcão – Referência à prática no tempo de D.Dinis

“Que o rei o fundou para testemunho de sua grandeza é uma das razões apontadas por alguns cronistas e historiadores, mas outras razões são referidas nos textos que correm impressos, sendo a mais conhecida a história do urso.

Conta-se que andando o rei D. Dinis à caça num sítio chamado Belmonte, da freguesia de S. Pedro de Pomares, distrito de Beja, se perdeu dos companheiros. Ao passar por uma fraga, saltou sobre ele um enorme urso que o derrubou do cavalo e lançando-o por terra de costas, estava sobre ele prestes a tirar-lhe a vida. Na sua aflição, D. Dinis pediu a S. Luís, Bispo de Tolosa, ainda vivo e com fama de santo, que o salvasse daquele perigo. Prometeu construir um mosteiro se saísse dali com vida.

O Santo apareceu-lhe e encorajou-o a puxar do punhal que trazia à cintura e matar a fera. Cheio de ânimo, o monarca assim fez, livrando-se da morte.

Segundo as crónicas, quem salvou o rei do urso foi S. Luís, mas o mosteiro dedicou-o a S. Dinis.

Editou-se em Odivelas um livro no ano de 2011, com o título «D. Dinis….», Edições Colibri, onde, a páginas 10 se faz a seguinte afirmação:

(…) lenda que junta D. Dinis e um urso que o atacou, à construção de um convento em nome do santo evocado: S. Dinis (…).

Não é isto que nos dizem as crónicas nem os livros que falam deste assunto, deixando fora de dúvida que D. Dinis evocou seu primo S. Luís e não o bispo S. Dinis.

Este episódio está representado num dos pedestais da arca tumular, executada em vida do Rei. Frei Francisco Brandão conta ainda um outro milagre mas a história desse milagre de S. Luís ocorrido com D. Dinis anda deturpada pela transmissão oral e também pela escrita.

O cronista diz: “Livre o Rei do urso ficou com grande devoção a S. Luís, a quem mandara fazer uma capela no Mosteiro de S. Francisco de Beja, aonde obra grandes maravilhas.

Outro favor recebeu ElRei do mesmo Santo na própria cidade de Beja, no exercício da caça de volataria, ressuscitando-lhe um falcão que ElRei estimava muito, por ser o principal instrumento de seu alívio.

A deturpação consiste em afirmarem que a construção da capela em Beja foi em agradecimento pelo milagre do urso, quando o que o cronista diz é que foi em resultado do “milagre do falcão. S. Luís, Bispo de Tolosa era primo do nosso rei e tinha fama de fazer milagres ainda em vida. O parentesco vinha pela rainha que foi a avó de D. Dinis.
O rei D. Afonso II casou com uma Infanta Castelhana: D. Urraca. Era irmã de Branca de Castela, Rainha de França.

Esta Rainha D. Branca foi a Mãe do Rei São Luís de França e do Rei Carlos I da Sicília, pai do Bispo S. Luís. D. Urraca foi mãe de D. Afonso III, rei de Portugal e por essa razão, estes três reis, eram primos em primeiro grau. S. Luís e o rei D. Dinis eram, por isso, primos em segundo grau.
Tolosa, sede do Bispado de S. Luís, era uma cidade no País Basco.

O local escolhido pelo rei para cumprir a sua promessa foi a sua quinta de Vale de Flores, em Odivelas, que distava, na altura, duas léguas de Lisboa, no dizer de vários cronistas, incluindo Brandão.”

Excerto de: “Por Terras D’EL Rei D. Dinis.” Maria Máxima Vaz, Chiado Editora, 2016.

Esta ficha foi elaborara por: Renata Alves

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